17 janeiro 2014

Dois dias do demo

"Levem o carro!", disse eu, carregada de boas intenções, "vou de metro estes dois dias, qual é o problema?". Nisto, desatam numa enorme gargalhada os deuses lá do Olimpo, mas eu não dei por nada. E por isso ficou combinado.
No primeiro dia foi S. Sebastião, deus do metro de Lisboa, que me passou a perna com o raio da greve. É bem feita, tivesse organizado a minha vida de maneira a precisar do metro no dia em que eles trabalhassem. Tudo bem...
Hoje foi S. Pedro. Eu, inocentezinha, pensei que como ainda era de noite à hora de sair e que a chuva molha-parvos era desagradável logo de madrugada, levaria a carrinha até à entrada do metro. Bem dito, bem feito, mas S. Pedro pensou "ah é? Espera aí". Quando saí do outro lado das catacumbas do metro é que foi! Mal tinha começado o caminho a pé até ao trabalho caiu uma saraivada monumental, tanto chovia de cima como de baixo, eu sei lá, as estradas transformaram-se em rios e os trovões faziam tremer os mais corajosos. E lá ia eu, sem sítio para me abrigar, calças molhadas até às coxas, agarrada ao guarda-chuva sem tocar na parte metálica - com medunça dos relâmpagos... -, debaixo daquela granizada épica, no percurso mais memorável da vida... E quando cheguei ao destino, nem bom dia nem boa tarde, toma lá a chave do outro consultório e não sais enquanto não tiveres a roupa seca. E foi uma horinha a virar as calças e as meias em cima do secador, e a secar as botas que, por acaso, se aguentaram muita bem, benditas caterpillar anti-dilúvio.
O fim-de-semana vai ser em casinha (não, brincas...), à espera da próxima gargalhada divina...

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