06 fevereiro 2011

Faltam 300 médicos nos centros de saúde - JN

Faltam cerca de 300 médicos nos centros de saúde porque um especialista em Medicina Geral e Familiar ganha apenas 1100 euros. A solução está em dar "condições dignas" a esses clínicos e não contratar médicos estrangeiros. Quem o diz é o novo bastonário.

José Manuel Silva, que ontem, sábado, participou na tomada de posse dos órgãos sociais da Associação Nacional de Estudantes de Medicina em Coimbra, rejeita que haja falta destes profissionais. Portugal até tem mais médicos do que a média europeia, garante. O problema está na "desorganização" do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e na assimétrica distribuição, tanto por especialidades como em termos geográficos, dos médicos que existem.

foto FERNANDO TIMÓTEO/GLOBAL IMAGENS
Faltam 300 médicos nos centros de saúde
Bastonário critica salários de 1100 euros

A situação mais grave é a que se vive nos cuidados de saúde primários, onde faltam cerca de 300 médicos de família a meio milhão de portugueses. Nos hospitais, o bastonário admite que "provavelmente, há médicos a mais". A razão é simples: os jovens médicos não querem seguir a especialidade de Medicina Geral e Familiar porque, nos centros de saúde, vão receber, por 35 horas de trabalho, 1100 euros mensais, "um salário ao nível de um auxiliar de acção médica". Já nos hospitais, podem negociar, nos contratos individuais de trabalho, salários muito mais atractivos.

Para colmatar a carência de clínicos, o Estado tem optado por uma solução que, na opinião de José Manuel Silva, prejudica os doentes: contratar "médicos cubanos e colombianos, sem especialização em Medicina Geral e Familiar". "O que é preciso fazer é dar condições dignas para os jovens médicos se fixarem nos centros de saúde", defende.

A obrigatoriedade de os especialistas permanecerem no SNS durante um período igual ao internato, sob pena de terem de indemnizar o Estado, é também criticada pelo recém-empossado presidente da Ordem dos Médicos. Porque só tem um objectivo: reduzir os salários. "O Estado quer forçar os médicos a trabalhar compulsivamente com vencimentos mínimos", sublinha.

Para avaliar as reais necessidades de médicos em cada especialidade e por região e determinar quantas vagas devem abrir para os internatos complementares, a Ordem vai promover um estudo de demografia médica.

Quanto ao numerus clausus para Medicina, considera que é exagerado. Socorrendo-se de um estudo que, em 2002, avaliava as vagas necessárias em 1175, diz que, todos os anos, entram nos cursos de Medicina 700 alunos a mais.

Helena Norte

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