Era um dia de semana à tarde e consegui sair a horas de ir ao ginásio. A fauna não era a que costumo ver. A zona da musculação estava cheia de malta, mas sobressaía um puto de metro e meio que não devia ter mais duns 17-18 anos.
- Eu como uma hora e meia antes de vir treinar. Todos os dias.
Falava sozinho, pareceu-me, porque ninguém lhe respondia. E olhava para o espelho com orgulho nos seus músculos insuflados.
Fazia sons estranhos ao ritmo do movimento dos halteres que pegava (suponho que seja isso que me falta para exercitar melhor...). Tinha um ferro com o meu peso em cada uma das mãos, mas dá-me ideia que não fez grande exercício enquanto lá estive. Para além dos passeios em direcção ao espelho, claro está.
Um, dois... largava. Um, dois... largava.
A páginas tantas diz ao amigo
- Epá,
Vamos chamar-lhe Ginjas
- Epá, Ginjas, ajuda-me aí!
E o outro foi.
- Pega aí nos pesos e dá-mos. Assim, vá.
E o outro passa-lhos e começa a contar
- Um, dois,
- Não faças isso!
Desconcentrava-o. Contar dificultava-lhe a vida. E larga os halteres no chão com um estrondo.
- 'Tou muita fraco, hoje. Normalmente chego aos 30!
Mil... Normalmente fazia trinta mil, mas hoje não era o dia.
Mas, ao espelho, estava mesmo muita bonito.
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