Perto de mil estudantes de medicina concentraram-se nesta quinta-feira frente do Ministério da Saúde numa acção simbólica de protesto contra o excesso de alunos e a falta de vagas para o internato médico, fundamental para poderem exercer a profissão.
Numa acção simbólica, os estudantes vestiram batas brancas e ostentavam ao peito “senhas de espera” para poderem completar a formação em medicina. O presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), Manuel Abecassis, lamentou a “falta de articulação entre os ministérios da Saúde e do Ensino Superior”.
Esta falta de articulação permite que mais vagas do curso de medicina sejam abertas, sem que haja depois capacidade de respostas para estes estudantes, ao nível do internato médico. O problema é que a capacidade do internato médico é de 1500 vagas, enquanto o número de estudantes a sair das faculdades nos próximos anos chega aos dois mil e vai crescer mais ainda, explicou.
“São diplomados em medicina, que não vão poder terminar a formação”, afirmou Manuel Abecassis, acrescentando que “muitos, se calhar, vão ter que completar o curso lá fora, nos países onde isso é possível”.
O presidente da ANEM comentou ainda as conclusões do grupo de trabalho criado pelo Governo para apresentar um conjunto de recomendações a serem aplicadas na formação médica pós-graduada, salvaguardando que apesar de algumas não irem ao encontro das expectativas dos estudantes, uma em particular recolheu a sua satisfação. “O grupo de trabalho fez uma recomendação que reflecte a nossa preocupação de reduzir e adequar as vagas em medicina, porque a qualidade da formação pré-graduada está a ser afectada pelo actual número de estudantes de medicina nas faculdades. Não vai haver capacidade para serem médicos porque não vão poder completar a formação”, disse.
O presidente da ANEM dirigiu algumas palavras de preocupação aos colegas presentes no protesto, que reponderam efusivamente, aplaudindo e gritando palavras de ordem como “curso e internato, formação de qualidade”. Os estudantes entregaram ainda uma carta no Ministério da Saúde, a requerer uma audiência conjunta entre a ANEM e os ministros da Saúde e do Ensino Superior.
Tinha de acontecer. Com a loucura de toda a gente a querer entrar em Medicina e não querer ser médico de família... algum dia a loja havia de transbordar. Loucura de país!
ResponderEliminarÉ certo que há pressão social por existirem tantos alunos a querer entrar num curso de medicina. Contudo, há já muitos anos que a Medicina Geral e Familiar (vulgo, Médico de Família) é uma especialidade com internato obrigatório como todas as outras. Qualquer aluno que termine o curso de Medicina tem que fazer o internato numa especialidade para poder exercer como Médico.
ResponderEliminarSe os meus caros colegas estudantes de medicina tivessem um olhar mais critico, aperceber-se-iam de que todas as profissões, mesmo as que dão desemprego certo, TÊM estágio. E, portanto, não é por se estarem a formar mais médicos do que antigamente que nós vamos deixar de ter o internato, que é parte integrante da nossa formação. Sabem o que me parece tudo isto? Pura manipulação. O objectivo? Fazer desistir do curso os fracos de espírito, desencorajar os aventureiros que queiram entrar no curso e, por fim, conseguir finalmente (porque há muitos anos a ordem batalha nisto) a desculpa perfeita para reduzir as vagas de acesso ao curso. O que acho disto? Mais uma manobra, muito bem articulada, mais um jogo de sofística de muito mau tom para fazer sobreviver esta estúpida mentalidade elitista que nos tentam incutir desde o dia em que entramos no curso.
ResponderEliminarTodas as pessoas têm o direito de estudar o que querem! E o mercado de trabalho existe sim, mas não pode ser desculpa para negligenciar os sonhos profissionais de ninguém cortando-lhes as asas mesmo antes de voarem. Os bons e os que amam aquilo que fazem, têm sempre lugar e, se não tiverem, CRIAM-NO. Chama-se empreendedorismo.
Nao se deixem maninpular caros colegas!
"E, portanto, não é por se estarem a formar mais médicos do que antigamente que nós vamos deixar de ter o internato, que é parte integrante da nossa formação."
EliminarSe é por isso ou não, não sei nem tão pouco me parece fundamental agora. O que é certo é que se está exactamente a discutir a possibilidade (será mais a necessidade) de se limitarem as entradas no internato, apesar de parte integrante da nossa formação. No fundo, não se tira esse "direito de estudar o que querem", mas assume-se que o país está a abrir a porta a mais médicos do que os que tem capacidade de formar. Portanto acabamos por voltar a, como diz, cortar as asas (agora aos recém formados) "mesmo antes de voarem".
Ainda que seja politicamente incorrecto dizer que estamos a deitar dinheiro à rua a formar meios-médicos que não vão servir as necessidades do país, em última instância até isso é verdade!
Mas lá que os melhores terão sempre lugar e os empreendedores o irão sempre criar, é indiscutível.
Nao e verdade o que aqui foi dito:
ResponderEliminarAs outras profissoes têm estagios, sim, no entanto a verdade e que a capacidade formativa dos serviços com idoneidade, ou seja que têm capacidade de formar internos não e suficiente para o numero de finalistas de medicina, assim sendo formando mais medico vamos sim deixar de ter o internato, se nao for garantida a capacidade formativa dos serviços.
Em segundo lugar os numeros clausus aumentarem e uma irresponsabilidade pois ha a formaçao de lincenciados/mestres que nao podem exercer se nao tiver 2 anos de internato, e como tal e necessario ter cautela e verificar se ha capacidade de formar integralmente estes licenciado.
Em terceiro lugar o problema dos numeros clausus nao se poem exclusivamente pelo acesso ao internato mas tambem pela qualidade da formaçao nas faculdades de medicina. é incomportavel ter tantos alunos por ano as capacidade formativas ja foram atingidas, para alem de nao ser eticamente correcto nem humano ter 1 tutor + 7 alunos a realizar um exame objectivo a um doente, nao e possivel ter formaçao de qualidade com 7,8, 9 10 ...14 alunos numa turma pratica que o que acontece actualmente, nem e humano pedir ao doentes que estejam disponiveis para que seja feitas as manobras necessarias por vezes incomodas e constragedoras.
Por fim para exercer medicina como ja disse e necesarrio internato antes nem tamos no desemprego estamos no limbo, impedidos, mesmo que haja procura, de exercer
De acordo.
EliminarO problema, do meu ponto de vista, é que a opinião pública está pouco receptiva a este tipo de situação, especialmente numa altura em que o país passa globalmente por dificuldades e a imagem do médico perante a população é, ainda, a de um privilegiado. No fundo, qualquer reivindicação que não se centre puramente no impacto que as medidas em discussão terão nas pessoas não terá mais do que um efeito negativo.
Refiro-me ao Anonime de 2 de Junho
ResponderEliminarPeço desculpa por ter comido letras nao revi o texto