24 junho 2016

Brexit

Cresci no meio da febre europeia; Portugal entrou no jogo pouco depois de eu nascer. O sonho era ter várias equipas a tentar puxar para o mesmo lado (menos nos Jogos Sem Fonteiras em que era cada um por si e no fim ganhava Vila Franca de Xira).
Como é que um 48x52 decide o futuro de um continente? Mas democracia é mesmo assim, embora bastem poucos minutos para perceber quantas opiniões vêm de gente que ainda percebe menos disto do que eu. E nada me garante que amanhã não seria o resultado inverso...
Os mercados estão em sismo, a política também. Nada disto funciona isoladamente.
Disto que a Inglaterra decidiu hoje é que eu não estava à espera.
Cheira-me que vem aí tempestade.

13 junho 2016

"Trata só os outros com o respeito que gostarias que tivessem por ti."

Nao lhe conhecia esta vertente; não o teria dito melhor. Fica o meu aplauso ao Rui Maria Pêgo.

"Há uns tempos um amigo perguntava-me: "o que é isso de ser figura pública? Já se qualificam como figuras públicas, as meninas apanhadas a fazer amor no Main?"
Dificilmente. Por mais que já se lhes conheça alguns ângulos mortos. 
Conheço pessoas que dizem ser "figura pública por profissão". Ou seja, existem, respiram, de forma... Pública. O seu trabalho é esse: oxigenar o sangue à frente dos outros.
Tudo bem. Cada um respira como quer. Menos aqueles que acabam mortos por não respirarem como é suposto.
E não estou aqui a fazer uma graça com asmáticos. Morreram 50 pessoas em Orlando - terra da Disney - que ousaram ser quem são dentro de um local que imaginavam seguro. 
No fundo, respiravam. Lá na vida deles. Ligeiramente entrincheirados numa discoteca lá "deles".
Para sempre "meio entrincheirados".
Porque é sempre assim, não é? Morreram "aqueles". Aqueles sírios. Aqueles turcos. Aquelas nigerianas raptadas e violadas pelo Boko Haram. Aqueles paneleiros que quiseram abanar-se ao som de Ariana Grande.
Não digo paneleiros para chocar. Digo-o porque as palavras têm vida; memória. Digo-o porque esses paneleiros são iguais a ti que estás a ler isto. 
E são completamente iguais a mim; são pessoas.
Por circunstâncias escolhidas e herdadas, sou uma figura pública - por mais que o termo me faça rir. 
Contudo, não desconto no IRS com croquetes e não apareço muitas vezes nas revistas que acabam esquecidas em salas de espera. Esse não é o meu trabalho.
O meu trabalho é público. Seja na televisão, ou na rádio, mas gosto de pensar que existe para promover discussão. 
É por isso que escolho ter o desplante de falar disto às quase 60 mil pessoas que seguem esta página.
Coincide gostar de meninos. Mas gosto mais de que toda a gente possa ser o que quiser, onde quiser, de que forma quiser, sem esperar um balázio na testa.
Não me parece pedir muito.
E eles não pediram muito. Quiseram só estar à vontade.
Não quero pôr um # a trendar. 
Quero só que penses como, ao fomentar o ódio, vamos todos parar ao mesmo forno.
É só uma questão de tempo.
Não rezes por Orlando. Trata só os outros com o respeito que gostarias que tivessem por ti."

07 junho 2016

Sempre a facturar

Está história da carta por pontos faz-me lembrar o jogo da forca: à primeira vai um bracinho, a seguir uma perninha e quando menos se espera, pimbas, já foste.

01 junho 2016

Preço Certo

Por (infelizes) circunstâncias da vida, tenho passado longas horas num quarto de hospital, a acompanhar o meu Avô. Saúdes à parte, temos estado hoje aqui especados a olhar para a televisão, lá pendurada no alto, e a comentar os programas da tarde. Felizmente chegou a hora de começar o "Preço Certo". Não é coisa que veja em casa (não é coisa que costume ver em lado nenhum), mas estes dias têm-me feito perceber o sucesso do programa. Depois de tardes perdidas a ouvir sobre as desgraças alheias, chega finalmente o tal bocadinho cómico, onde toda a gente traz presuntos e bandeiras e cachecóis, toda a gente manda beijinhos para este e aquele, toda a gente agradece ao presidente da Junta que cedeu a camioneta para virem à televisão e ao senhor da mercearia da esquina que ofereceu a vinhaça para acompanhar o farnel. Vibram quando acertam e quando perdem porque o entretenimento vale em qualquer dos casos. Custa imaginar como aquela gente naquela hora consegue ser a única companhia para tantas pessoas por esse país fora...