22 junho 2017

O fogo.

Escrevo do conforto do meu sofá, com um nó na garganta.

Os incêndios deste ano estão a ser mais, maiores e piores do que havia memória. Não tenho em Pedrógão nada de meu mas tenho muito de nosso: temos o país, as nossas terras, as nossas pessoas a sucumbir perante as força de uma natureza que não temos sabido gerir, proteger e estimar.

Daqui, de onde escrevo, posso apenas imaginar a angústia que haverá em perceber que se perdeu tanto ou, pior, que se estava a fugir em direcção ao fim. Quase sentimos as estórias como se fossem nossas. Mas é esse "quase" que nos separa do real e, por isso, o que nos dói é muito pouco por comparação com quem ficou com a morte e a destruição gravadas na alma. Muito obrigada aos bombeiros, às polícias e aos civis que as enfrentaram por todos nós.