Aos grandes e aos varões sacrificados
Que nesta ocidental praia lusitana
Em tempos quase sempre conturbados
Ajudaram a que passasse a caravana
Contra traidores, gatunos e drogados,
Livrem-nos, por favor, deste sacana.
É o que ardentemente hoje vos peço
E, se o conseguirem, agradeço.
No tempo em que Cavaco governava
Vivia-se melhor do que hoje em dia.
E Sócrates Pinto de Sousa militava
Nas fileiras da Social-Democracia.
Dum Zé-Ninguém ninguém então esp’rava
O trafulha em que se transformaria.
E venho eu Camões, da língua o Pai
Explicar-vos como “isto” por cá vai…
Estava o jovem Zé, muito contente,
Com o seu Diploma adquirido
Lá na tal Universidade Independente
Com fraudes e artimanhas conseguido,
Assinando projectitos de outra gente
Pois que, para nada mais fora instruído.
Mas sendo um refinado vigarista,
Logo se inscreve no Partido Socialista.
Com muita lábia, peneiras, arrogância,
Depressa chegou a Deputado,
E apesar de toda a ignorância
P’ra Secretário de Estado foi chamado.
E com burlas, trafulhices, jactância,
Em que esteve nesses tempos embrulhado,
Foi nesse ambiente bem sinistro
Que obteve as competências p’ra Ministro.
E agora tu, Cavaco, me ensina
Como tirar este gajo do poleiro
Pois não passa de uma ave de rapina
E já é segunda vez Nosso Primeiro.
Manda-o p’ra longe, p’ra África, p’rá China
Já que o não podes prender no Limoeiro.
Eu estive lá, e o que eu acho
É que ele só sairá com um grande Tacho!
Luís de Camões
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